segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Dicas de Português-Dad Squarisi - Fonte: Jornal do Commercio

Colunas06/10/2008
Dicas de Português-Dad Squarisi
Uma arma chamada voto
Viva! O Brasil foi às urnas. Cidadãos de norte a sul do país escolheram prefeitos e vereadores. Durante a campanha, candidatos se apresentaram embalados para presente. Conjugaram o verbo prometer sem cerimônia ou parcimônia. Convenceram? O eleitor respondeu. Ele conta com a arma mais poderosa do pedaço. É o voto.No velho latim, voto quer dizer promessa feita aos deuses. Daí voto de castidade, voto de pobreza. A acepção tem, aí, cunho religioso. Com o tempo, na certeza de que quem fica parado é poste, evoluiu. Lá pelo século 19, ganhou novo sentido. Passou a significar sufrágio.Por quê? A história vem de longe. Ao que tudo indica, nasceu da escolha de chefes militares. Os guerreiros elegiam os comandantes no grito, por aclamação. Com o tempo, os chefes dos tempos de guerra se tornaram chefes dos tempos de paz. Os guerreiros de ontem? Somos nós os eleitores de hoje.
Sem choro nem vela
São favas contadas? Então, não há mais nada a fazer. A fava, parente do feijão, nunca imaginou dispor de tanto poder. A autoridade lhe foi conferida pelas eleições. Antigamente, favas brancas significavam sim. Favas pretas, não. Cada eleitor depositava uma fava na urna. Feita a apuração, ganhava quem juntasse o maior número das branquinhas. Divulgada a soma, não adiantava espernear. Eram favas contadas. Ao vencedor, os abraços. Ao perdedor, a lamúria.
Pérolas da campanha
Deveria haver eleição todos os anos. Ah, tempos bons! De olho no nosso votinho, políticos ficam pra lá de generosos. Aumentam salários. Diminuem juros. Adiam o reajuste do preço da gasolina. Mais: telefonam, cumprimentam, desperdiçam sorrisos, abraços e apertos de mão. Nas campanhas, a criatividade voa solta. Slogans, jingles, frases de efeito oferecem-se a torto e a direito. Eles têm dois objetivos. Um: chamar a atenção dos distraídos. O outro: fixar o candidato na memória do eleitor. Os programas eleitorais gratuitos dão show. Neles há de tudo. Mas o destaque fica para as frases exóticas. São as pérolas. "Tudo pela Dinha", diz a alagoana Dinha sem constrangimento. "Com a minha fé e as fezes de vocês, vou ganhar a eleição" jura o cearense de Aracati. "Vote com prazer", ordena a stripper Deborah Soft. Quer mais? Aguarde a próxima eleição. Prepare-se para 2010.
Você sabia?
Candidato vem do substantivo latino candidatus, que vem do adjetivo candidus, que quer dizer cândido, alvo, puro, imaculado. A denominação não é gratuita. Os romanos que aspiravam a cargo eletivo vestiam roupas brancas. Com a cor, pensavam transmitir imagem de inocência e pureza.
Vá na frente
Ora veja! Na origem, prefeito tem duas partes. Uma: pré, que aparece em pré-escola e pré-candicato. Quer dizer antes. A outra: feito, do verbo fazer. O prefeito, então, é o que faz antes. A coisa funcionava mais ou menos assim: os vereadores apontavam os problemas do município. O prefeito não delegava. Partia, pessoalmente, para as soluções.
Nada de erro
O Houaiss registra boca de urna . O Aurélio, boca-de-urna. Nós ficamos com um ou outro. É acertar. Ou acertar.
Reforma Ortográfica 3
Hífen 2Vale repetir. O hífen é castigo de Deus. Ninguém acerta o emprego do tracinho. A reforma, que entra em vigor em 1º de janeiro de 2009, manteve a confusão. A coluna apresenta as novas regras por etapas. Na quarta, vimos o primeiro grupo. Hoje é a vez do segundo. Ele tem do a ver com as vogais. Só entram na jogada os prefixos que terminam por vogal e se juntam a palavra também iniciada por vogal. Portanto, é vogal com vogal. São duas regras:1. Não se usa hífen quando o prefixo termina em vogal diferente da vogal com que se inicia o segundo elemento: aeroespacial, agroindústria, antieducação, autoescola, coedição, coautor, infraestrutura, plurianual, semiopaco.2. Usa-se o hífen quando o segundo elemento começar pela mesma vogal com que termina o hífen: anti-inflamatório, auto-observação, contra-ataque, micro-ondas, semi-internato.Exceção: co- se junta ao segundo elemento mesmo quando ele acaba com o: coordenar, coobrigação.Resumo da ópera: os diferentes se atraem; os iguais se rejeitam. (O co- é exceção que confirma a regra.)

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