quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Dicas de Português-Dad Squarisi - Fonte: Jornal do Commercio

Colunas

08/10/2008

Dicas de Português-Dad Squarisi


Pequenino nada ordinário

Domingo o povo votou. Escolheu os mandachuvas municipais. Das oito da manhã às cinco da tarde, eleitores saíam de casa e se dirigiam à zona eleitoral. Foi a festa da democracia. Depois, veio a apuração. Prefeitos se elegeram de primeira. Outros terão de continuar a luta.

Sem conseguir a maioria dos votos, vão disputar o segundo turno. Será um pega-pra-capar. A alternativa é levar ou cair fora. Daí a importância da conjunção ou. Bivalente, a pequenina dá dois recados. Ora indica exclusão; ora, inclusão. As diferentes mensagens se refletem na concordância:

Se o ou exclui, dá passagem ao singular: Ou Marta ou Kassab será prefeito de São Paulo. Fogaça ou Maria do Rosário governará Porto Alegre até 2012. Ou João ou Rafael se casará com Vitória. Ou Obama ou McCain será eleito presidente dos Estados Unidos.

Viu? Só há uma vaga de prefeito e de presidente. Também só um dos pretendentes pode se casar com a moça que tem nome de vencedora. O ou, então, tem uma saída mandar um dos candidatos passear na esquina. Daí a exclusividade do singular.

Se o ou inclui, a história muda de enredo. Como mais de um sujeito pode praticar a ação, o verbo, vaquinha de presépio, vai atrás. Flexiona-se no plural: Um ou outro artista apareceram na festa. Carlos ou Paulo sairão antes das 10h. Um colega ou outro serão convidados para a reunião do grupo.

Qual é a sua?

Seu candidato ganhou, perdeu ou está pendurado no segundo turno? Pra responder à questão, vale dar uma espiadinha nos particípios do verbo eleger. São dois. Um deles é elegido. Ele é regular porque termina do mesmo jeitinho que o dos verbos da 3ª conjugação (partido, dividido, dormido, vestido). O outro é eleito. Eleito joga no time dos irregulares porque foge do modelo. Você sabe quando usar um ou outro? Então prove. Marque a resposta certinha da silva:

a. Meu candidato foi eleito.

b. Meu candidato foi elegido.

c. As duas opções estão pra lá de corretas.



a. Eu tinha elegido o candidato da oposição.

b. Eu tinha eleito o candidato da oposição.

c. As duas formas merecem nota 10.

E daí?

Escolheu a letra A no 1º teste e a C no 2º? Acertou. O xis da questão é o auxiliar. Com ser e estar, só eleito tem vez. Com ter e haver, ambos os particípios são bem-vindos: Curitiba nunca tinha elegido (eleito) um candidato com tanta diferença de votos. Curitiba nunca havia elegido (eleito) candidato com tanta diferença de votos. Íris Rezende está eleito. Gabeira não foi eleito no primeiro turno. Será no segundo?

Reforma ortográfica 4

Hífen 3

Esta é a terceira coluna que trata do emprego do hífen na reforma ortográfica. As novas regras entram em vigor em 1º de janeiro de 2009. Mas, durante quatro anos, as novas e as velhas regras conviverão simultaneamente. Em outras palavras: até 31 de dezembro de 2013, valem as duas grafias. Em provas, concursos, redações oficiais, você pode escrever de um jeito ou outro. A alternativa é uma só: acertar ou acertar.

O assunto de hoje são os prefixos terminados em vogal que se juntam a palavras começadas por R ou S. No caso, o hífen não tem vez. Pra manter a pronúncia, duplicam-se o R e o S: antirrábico, antirrugas, antissocial, biorritmo, contrassenso, infrassom, microssistema, minissaia, multisseculas, neossocialismo, semirrobusto, ultrarrigoroso, ultrassom.

Leitor Pergunta


Tenho ouvido com freqüência a afirmação "fuga massiva de capitais". Massiva? Consultei o dicionário. A trissílaba não aparece por lá. E daí?

Maria Luíza Carmona, Porto Alegre



Massiva não existe. A forma é maciça fuga maciça de capitais.

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