:: Colunas01/10/2008
Dicas de Português-Dad Squarisi
Por quem os sinos dobram
Paul Newman morreu. O belo galã de olhos azuis não resistiu ao câncer de pulmão. Depois de um ano de luta, a doença o venceu. Ele foi pro céu. Mas deixou uma bela herança. Além dos filmes que bateram recordes de bilheteria como Dois homens e um destino e Golpe de mestre, o ator investiu na Fundação Paul Newman, que cuida de crianças. São milhões de dólares destinados a tratar meninos e meninas desamparados ou enfermos. Deus, nas alturas, reconheceu a bondade do ator. Nós, na Terra, também. A imprensa lhe dedicou generoso espaço. Mas, na hora de falar na missa de adeus do astro, pintou a dúvida. O xis da questão foi o toque do sino. Qual o verbo adequado para indicar luto? Soar, tocar, dobrar ou badalar? A turma se dividiu. De um lado, ficaram os defensores do dobrar. Do outro, os do soar. Tocar também teve adeptos. Alguém lembrou Heminguay. O escritor americano escreveu o livro Por quem os sinos dobram. Nele retrata o horror da Guerra Civil Espanhola. Na escolha do título, inspirou-se nos versos de John Donne: "A morte de qualquer homem me amesquinha porque faço parte da humanidade. Portanto nunca manda saber por quem os sinos dobram. Eles dobram por ti". E daí? Os sinos sempre dobram em atos fúnebres? Os dicionários respondem. O Houaiss registra dobrar na acepção de soar os sinos. Não faz nenhuma referência à passagem desta pra melhor. O Aurélio vai além. Diz que dobrar é soar o sino "dando volta sobre o eixo (o que geralmente é sinal de morte)".Em suma: o uso consagrou badalar como toque festivo. E dobrar, triste. Mas a acepção do dissílabo pode ser neutra. Simplesmente soar.Ops! Há mais
Dobrar tem muitas acepções. Os bancos dobram os lucros. A balconista dobra a roupa. O argumento dobra o chefe. O jogador dobra a bola. O fiel dobra os joelhos. O filho dobra a alegria dos pais. O sol dobra no horizonte. O garoto malcriado? Dobra a língua. E o sino? O sino badala, soa, mas também dobra.Reforma ortográfica 2
Ufa! Aconteceu. Na segunda, o presidente Lula assinou o decreto que pôs a reforma ortográfica na rua. As mudanças entram em vigor em 1º de janeiro de 2009. Mas a grafia atual não vai pro túmulo imediatamente. Conviverá com a nova até 31 de dezembro de 2012. Nesse meio tempo, uma e outra merecerão nota 10. Podem ser usadas sem sustos em provas, correspondências, concursos & companhia letrada.Na segunda-feira, a coluna apresentou as alterações em letras, trema e acentos. Faltou o hífen. Não comemore. O assunto continua cheio de regras e exceções. Por isso, como diz o esquartejador, vamos por partes. Hoje veremos os prefixos (e assemelhados) que exigem o tracinho em qualquer circunstância. São eles:além, aquém, ex, pós, pré, pró, recém, sem, vice: além-mar, aquém-muros, ex-presidente, pós-graduação, pré-primário, pró-reitor, recém-chegado, sem-terra, vice-presidente. todos os seguidos de h: anti-higênico, super-homem, micro-história, extra-humano, co-herdeiro, proto-história, sobre-humano, ultra-heróico. Exceção: subumanoNa próxima segunda-feira, a coluna tratará do segundo grupo
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